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Artistas unem música e androginia como postura sociopolítica

Em entrevista ao Andro Social, o jornalista do blog Notas Musicais e colaborador da revista Rolling Stones, Mauro Ferreira, fala sobre o encontro entre os dois universos

        O “boom” da androginia não é um fenômeno recente na música pop moderna. Nos anos 70 e 80, o icônico David Bowie foi um “divisor de águas” ao ultrapassar a barreira de gêneros através do modo de se vestir e dos personagens andróginos criados por ele, como Ziggy Stardust. Além dos figurinos exóticos, o artista cantava músicas nas quais revelava, sem sombra de dúvidas, o seu lado feminino.

De acordo com o jornalista e crítico musical Mauro Ferreira, o pioneirismo do camaleônico popstar abriu caminhos para que muitos outros músicos adotassem o caráter andrógino como referência artística. Para Ferreira, a primeira metade da década de 1970 pode ser considerada como o início do flerte entre o mercado musical e a androginia. Ele cita o lançamento do disco de Bowie, The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars, em 1972, como um dos acontecimentos que caracterizam o começo dessa “relação”. Aliás, tal álbum serviu para expor e evidenciar Ziggy, persona andrógina do artista britânico. Coincidentemente, na mesma época, o músico se declarou publicamente como bissexual.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


       

        A indústria musical também foi visionária ao reconhecer o potencial da tendência andrógina. “O mercado investe no que vai dar dinheiro. Cantores de estilo marcante como Bowie e Ney vendiam milhões de discos e faziam muitos shows. Portanto, são sinônimos de sucesso”, afirma. Dentre os gêneros musicais, a androginia se perpetuou de forma setorizada entre artistas do rock e do pop. “Por serem universos mais liberais, o caráter andrógino foi adotado com mais vigor”, afirma.

Ao sul do trópico

     Em terras tupiniquins, o artista que evocou a gênese andrógina na MPB foi Ney Matogrosso, oriundo do Secos & Molhados, grupo do qual fez parte entre 1973 e 1974. O cantor, conhecido pela ousadia e irreverência, fez um estrondoso sucesso em plena Ditadura Militar e desafiou muitos conservadores da época por meio das roupas e maquiagens extravagantes, das canções subversivas e das exibições performáticas. “Os primeiros shows dele foram marcados por muita sensualidade em palco”, lembra Ferreira, que o classifica como o principal precursor da “cena glitter” brasileira.Outros artistas contemporâneos a Ney, remanescentes da Tropicália, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, também são destacados pelas nuances andróginas. “Tivemos, por exemplo, o Caetano vestido de Carmen Miranda”, exemplifica o crítico musical, que ainda ressalta o nome do “nem tão conhecido” Edy Star. O cantor baiano lançou, em 1974, seu primeiro e único álbum: Sweet Edy, cujo conceito é absolutamente andrógino.

Segundo Ferreira, apesar da androginia não ser uma expressão marcante da música brasileira, ultimamente, o cenário está mais propício. Ele aponta uma nova safra de artistas nacionais com visual andrógino como Felipe Catto, o rapper Rico Dalasam e o cantor de soul e funk Liniker, que é gay e se apresenta ao público como se fosse mulher. “O mercado está mais aberto. Eles estão bebendo da fonte andrógina e usando imagens femininas”, explica.

Foto:  José Pedro Monteiro / Agência O Dia

      Décadas depois, o alter ego feminino do astro inspiraria o excêntrico Marilyn Manson a criar e personificar Omega, que surgiu em 1998 através do álbum Mechanical Animals, no qual o encarte traz o rockstar bem andrógino: corpo nu, sem pelos, portando seios e com a genitália indefinida. O ser vivido por Manson é caracterizado como solitário e exagerado, que canta sobre sexo, drogas e fama.

Para o jornalista, a musicalidade andrógina é reflexo da libertação sexual. “Em âmbito mundial, tivemos David Bowie e a nível nacional, Ney Matogrosso”, menciona, referindo-se aos maiores embaixadores do movimento. Além disso, ele destaca o tom político e social da androginia. “A tendência andrógina é uma atitude contestadora. No caso da música, serviu para quebrar preconceitos”, avalia.

Nas décadas de 70 e 80, viu-se emergir uma nova geração artística pautada na androginia que revelou personalidades como Boy George, Freddie Mercury, Prince, Grace Jones, Annie Lennox e Alice Cooper. Sobre a recepção do público, Mauro Ferreira enfatiza que houve uma aceitação, principalmente entre os jovens. “As pessoas aceitam melhor gente de cara pintada e mais próxima do estereótipo feminino do que um gay assumido, de cara limpa. O sucesso do Secos & Molhados, por exemplo, foi muito popular”, sublinha.

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